terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Entre nós


Chovia, e era inverno em Belo Horizonte, três palavras que causavam certa incoerência quando ligadas a uma frase, pois os invernos em BH eram, atualmente, quentes e secos, raramente as chuvas vinham visitar; mas, dessa vez, vieram, estrondosas e turbulentas, assim como os sentimentos: mesmo que queira contê-los e rejeitá-los, de alguma forma eles o infecta, e entram, indomáveis!

Andei do quarto à sala, da sala à cozinha, do andar de baixo ao andar de cima, e voltava fazendo o percurso novamente; a casa era, sem dúvida, enorme para mim e pequena demais para o vazio que a preenchia. Tudo o que eu vivia era uma ilusão, as horas no relógio não passavam, mas as rugas no meu rosto cansado me diziam outra coisa: o tempo não me esperava. Eu não reconhecia o lugar no qual eu morava, eu não reconhecia a mim mesmo. Eu não sabia o que fazia ali, nada mais tinha sentido, eu era apenas um escravo da rotina, sentindo falta de algo que me completasse. Eu poderia estar rodeado de pessoas, mas sempre sentiria apenas a falta de uma... Quando você acha alguém que te completa e te faz sentir especial, não há ninguém no mundo que ocupe esse lugar, e você o espera o tempo que for preciso.

Chamou cinco vezes o telefone:

- Alô.

- Eu esperei.

- Eu sonho.

- Eu quero.

- Você.

Batia na porta. O tamborilar das gotas da chuva em acordes lá fora, o barulho do espelho despedaçado aqui dentro. Nos fragmentos me via, junto de mim eu te via... As coisas finalmente começavam a fazer sentido...

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